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ENTREVISTA COM DESEMBARGADOR RAIMUNDO CUTRIM – Secretário de Assuntos Políticos da Prefeitura de São Luís

sábado, 9 de junho de 2012



Desembargador Rimundo Cutrim
RF- Dr. Raimundo Cutrim um pouco de sua biografia, nasceu aonde? Como foi a vida do menino Raimundo Cutrim? Onde estudou? Como foi o início de sua carreira jurídica?
RC- Eu nasci no povoado chamado Nova Vida, que pertenceu ao município de São Vicente de Ferrer, depois passou para São João Batista, em seguida para Matinha, e hoje pertence ao município de Olinda Nova do Maranhão, que foi criado na época de minha passagem  como juiz pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, quando o Edmar era deputado estadual, sendo de autoria dele o projeto de emancipação.

RF- O senhor se formou onde em São Luís?

RC- Fiz o antigo primário em Matinha, o exame de admissão no Liceu, onde fui aprovado, e cursei o ginásio e o científico.
Eu trabalhei com meu pai na roça até meus 18 anos, quando fiz o exame de admissão no Liceu, e foi aí que começou minha peregrinação, para correr atrás do prejuízo da idade.
Meu pai era lavrador, mas sempre foi envolvido com política, tendo sido vereador por cerca de 8 legislaturas.

RF- Quantos anos o senhor tem de magistratura?

RC- Entrei na magistratura em novembro de 1982, na Comarca de Santa Luzia que instalei.

RF- O senhor foi juiz de quantas comarcas?

RC- Fui juiz na Comarca de Santa Luzia, onde fui promovido por merecimento para Comarca de Itapecuru, em seguida para Comarca de Imperatriz, de onde pedi remoção para Codó, sendo em seguida promovido novamente por merecimento para Comarca de São Luís.

RF- Como desembargador o senhor ocupou quais funções?
RC- Ocupei todas as funções do Tribunal de Justiça. Fui Corregedor. Fui Presidente, sendo que nos meus últimos anos de carreira, fui indicado para o TRE, onde ocupei também a Presidência, tendo presidido as últimas eleições estaduais.

RF- Hoje o senhor ocupa uma cargo de função política na administração do prefeito João Castelo, como está sendo esse desafio?

RC- Sempre fui acostumado a enfrentar grandes desafios. Para me formar foi um grande desafio, trabalhei no comércio no Mercado Central onde acordava às 3:30 da manhã, ficava esperando os feirantes que vinham da Maioba, para vender café para eles. Durante a manhã abria o restaurante, ficava trabalhando até as 6 da tarde, indo em seguida para o Liceu.
Fui trabalhar no Mercado Central como comerciário, depois fui trabalhar na farmácia T Ericeira, localizada na Praça João Lisboa ao lado dos Correios. Depois fui ser propagandista do laboratório Centro Farma, foi quando passei no vestibular para direito, e então meu chefe me disse que eu teria que passar 15 dias no interior trabalhando, e 15 dias aqui em São Luís, aí eu falei que pretendia me formar e que isso me atrapalharia nos estudos, sendo que após isso, fui demitido.
Após ser demitido, fui morar no Centro Guaxenduba, uma casa mantida pela igreja católica, que acolhia estudantes pobres vindos do interior.
Fiquei cerca de seis meses sem trabalhar, e aí o padre me chamou e disse que eu precisava trabalhar, tendo assim me encaminhado à Rádio Educadora para ser apresentado ao diretor Professor Nascimento, que me perguntou se eu já havia trabalhado em rádio, sendo que eu menti dizendo que havia trabalhado na Rádio Ribamar do Gerson Tavares. O professor Nascimento, me informou então, que a rádio tinha três noticiários, um pela manhã cedo, outro ao meio-dia e um às 10 da noite, e que era para eu fazer um teste para o noticiário que passaria na manhã seguinte. Então fiz o teste, e o noticiário da manhã, e quando ele chegou perguntou se tinha sido eu que tinha feito o jornal, respondi que sim, e ele me mandou trazer a carteira de trabalho para assinar, dizendo que eu ganharia um salário mínimo e meio.
Após saber da notícia, fui feliz da vida contar para o padre, e aí começou minha carreira no rádio.

RF- Na rádio educadora o senhor tinha um nome artístico?

RC- Sim, era Robson Ruiter, e eu fazia um programa musical aos domingos chamado Educadora Praia Clube, que ía das 10 da manhã às 13:00.

RF- O senhor ainda gosta do rádio?

RC- Tenho uma saudade imensa, tenho grande apreço pelos meus colegas. A Rádio Educadora foi uma segunda mãe e ajudou a me formar, pois se não fosse esse emprego, teria deixado a faculdade.

RF- A nível de diversão se o senhor fosse convidado para colaborar com algum programa, toparia?

RC- Toparia, tranquilo. O problema é que a imprensa do Maranhão paga muito pouco aos seus profissionais, e talvez daqui uns 10 anos, isso vai mudar.

RF- Na sua época parece que o salário era melhor?

RC-  Que nada, eu ganhava um salário e meio, e fiquei uns 6, 8 anos na Rádio Educadora.

RF- Quem eram os locutores conhecidos da época?

RC- Carlos Henrique, Jairzinho, Haroldo Silva, Serra Neto, Zé Branco na Difusora, Helberth Teixeira, Canarinho na Timbira. Todos estes eram da minha época, e esta foi uma fase muito feliz a minha vida, onde fiz grandes amizades.
Depois que me formei em direito, continuei a trabalhar no rádio, aí tomei a iniciativa de partir para advocacia. Fui trabalhar em um escritório que era de advocacia e representação de remédios, localizado perto da caixa d’água da Rua Grande, onde passei 6 anos. Aí surgiu o concurso para o juiz, eu me inscrevi , fui aprovado, e depois não queria mais assumir, foi quando meus irmãos vieram falar comigo, dizendo que na família não tinha ninguém de destaque.
Depois dessa conversa, resolvi assumir a magistratura, e só saí agora porque resolveram me expulsar.

RF- Mas o senhor ainda está com muita energia para colaborar, como está sendo sua função com políticos que atuam na política municipal?

RC- Nisso eu não estou tendo dificuldade, porque eu já conhecia a maior parte deles, afinal de contas, quando você atua na magistratura está sempre em contato com políticos, e eu já venho de uma família de políticos, digo até que se eu não fosse magistrado, seria político. Eu gosto muito de política, e nessa parte sei que não terei dificuldades, até porque o Prefeito João Castelo me deixou muito a vontade, e é meu amigo de longas datas, e se eu não confiasse no trabalho dele, não estaria aqui. Assumi essa função, não só porque eu gosto de trabalhar, mas porque eu acredito no prefeito.

RF- O senhor é irmão de Edmar Cutrim, Presidente do Tribunal de Contas do Estado, e todo mundo sabe que ele segue um grupo político diferenciado do Prefeito João Castelo, mas isso não tem nenhuma interferência entre irmãos, certo?

RC- Não, até mesmo quando estava na ativa no Tribunal de Justiça, eu não intervia no trabalho dele, e nem ele no meu. Ele foi deputado, tem mais relações políticas do que eu, mas isso não interfere em nada. Ele segue a vida dele, e eu sigo a minha.        


  Des. Rimundo Cutrim falando aos presentes ao tomar posse como Secretário de Assuntos Políticos do município de São Luís

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